Doping no ciclismo: dúvidas na morte de Bruno Neves Depois da descoberta de produtos que indiciam o uso de doping na equipa de ciclismo LA-MSS-Póvoa de Varzim, surgem dúvidas quanto à morte de Bruno Neves. O corredor da equipa faleceu durante uma prova em Amarante e uma fonte policial garante à Agência Lusa que o ciclista morreu de paragem cardíaca antes da queda da bicicleta. A morte de Bruno Neves a 11 de Maio passado suscitou incredulidade no ciclismo português, tanto mais que o atleta levava o obrigatório capacete, estranhando-se as circunstâncias do seu falecimento. Estas suspeitas são agora agravadas com a
possibilidade de ter sido um ataque de coração a causar a morte do ciclista, cenário agravado com as descobertas de produtos e de instrumentos de dopagem nas instalações da LA-MSS e nas residências de vários atletas da equipa.
O presidente do Instituto de Medicina Legal, Duarte Nuno Vieira, revela na Rádio Antena 1 que a autópsia ao corpo de Bruno Neves deu «
indicações muito claras», mas escuda-se na ética profissional para não revelar os resultados. Haverá ainda exames complementares a efectuar para confirmar com mais precisão as conclusões.
Da LA-MSS o médico da equipa, o espanhol Marcos Maynar, mostra-se «
muito surpreendido» com a apreensão de alegado material dopante. «
Isso não se faz na equipa», assegura este professor na Universidade da Extremadura ouvido pela Agência Lusa. Maynar não acompanha diariamente a equipa, mas segue regularmente a sua metodologia de treino, dando indicações sobre nutrição e controlando a percentagem de glóbulos vermelhos no sangue ou de hemoglobina, indicadores do eventual uso de substâncias dopantes.
O futuro da LA-MSS surge entretanto em causa. A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim anuncia que vai «
rescindir, unilateralmente, o contrato de patrocínio que sustentava aquele projecto desportivo». Perde-se assim o apoio de 200 mil euros. O proprietário da empresa LA Alumínios, a principal patrocinadora da equipa, admite também «
uma eventual rescisão».
Entretanto o
director da Volta a Portugal, Joaquim Gomes, alerta que se for confirmada a prática de doping, a LA-MSS ficará de fora da edição deste ano da mais importante prova do ciclismo português.